221. "TRÁS-OS-MONTES" no "Expresso"
Trás-os-Montes: êxito em Paris
Eis o que diz, sumariamente, alguma Imprensa de Paris:
. "Para mim, os autores conseguiram criar o sentimento do espaço de "Trás-os-Montes" pela longa duração dos planos. Penso em Dovjenko, grande poeta do écran. (...) É um filme, não para ser descoberto mais tarde como uma grande obra de arte mas a descobrir imediatamente na rue du Temple, cinema "Action"." (Joris Ivens - "Libération").
. "Por uma espécie de mosaico, de fragmentos de história inacabados e um jogo de vai-vem entre o passado longínquo, o passado próximo e o presente, - o que é uma das réussites formais do filme - a expressão em imagens de "Trás-os-Montes" ganha um ar de atemporalidade". (I.A. - "Rouge").
. "As imagens deste filme feito em 16 m/m são duma beleza perturbante sem que nunca o esteticismo venha apagar o significado histórico e social da visão". (Jacques Siclier - "Le Monde").
. "François Truffaut ("La Chambre Verte") e António Reis ("Trás-os-Montes") deixaram-se meticulosamente, apaixonadamente, invadir pelos objectos da sua "reverie". É desta invasão que eles nos falam, mantendo, duma certa maneira, no interior dos seus filmes, a crónica e o diário íntimo. A poesia, então, basta-lhe manter-se em silêncio e esperar-nos onde nós estamos, dos dois lados da fronteira, interpelando a nossa parte de segredo" (Claude-Jean Phillipe - "Le Matin").
. "Este filme tem a curiosa particularidade de ser interpretado pelos habitantes de Trás-os-Montes e de não deixar de ser por isso duma extrema e por vezes fascinante sofisticação. Este é sem dúvida o sinal distintivo de um cinema libertado há pouco dum regime onde o simplismo estético era a consequência de uma política autoritária" (Joshka Shidlow - "Telerama").
. "É pela beleza, a bela rusticidade da sua matéria, que "Trás-os-Montes" conta mais, pelo ritmo ao qual desfilam as nuvens pesadas, pela presença dessas esplêndidas formas gráficas que desenham as águas aprisionadas pelo gelo, pela presença da poeira que levantam, em plena estação quente, as charruas que mordem o solo puxadas pelos burros. (...) Esteticamente belo, materialmente e afectivamente sensível" (Albert Cervoni - "L'Humanité")
Jornal Expresso, Revista, pág. 23-R, 15 de Abril de 1978.