domingo, setembro 18, 2005

105. ANTÓNIO REIS, POETA DO CINEMA

[Falecimento]

Morreu de súbito, na passada terça-feira, com 64 anos, um homem que era - que é - ao mesmo tempo um grande poeta e um grande cineasta. António Reis, natural do Porto e de há largo tempo para cá radicado em Lisboa, afirmou-se como poeta original em finais da década de 50 e princípios da de 60, com os seus «Poemas do Quotidiano» e «Novos Poemas do Quotidiano», alguns dos quais inicialmente divulgados nas «Notícias do Bloqueio». Depois de ter escrito os magistrais diálogos do filme de Paulo Rocha «Mudar de Vida» dedicou-se ele próprio ao cinema numa actividade de tempo inteiro (embora tivesse até dada altura empregos de subsistência), de que o primeiro fruto foi a longa-metragem «Jaime» (1972). Seguiram-se «Trás-os-Montes» (1976), excelentemente acolhida tanto aquém como além-fronteiras, «Ana» (1982) e «Rosa de Areia» (1989), ainda por estrear entre nós. Há muito que deixara de publicar poemas, mas nunca deixou de ser poeta. Alguns dos que o conheceram de perto e amaram evocam-no nestas páginas.

Introdução ao dossier elaborado pelo jornal JL, pág. 6, de 17 de Setembro de 1991, aquando da morte do cineasta.