segunda-feira, julho 25, 2005

095. MUDAMOS ESTA NOITE

Mudamos esta noite

E como tu
eu penso no fogão a lenha
e nos colchões

onde levar as plantas

e como disfarçar os móveis velhos

Mudamos esta noite
e não sabíamos que os mortos ainda aqui viviam

e que os filhos dormem sempre
nos quartos onde nascem

Vai descendo tu

Eu só quero ouvir os meus passos
nas salas vazias


António Reis - Poemas Quotidianos, Portugália (col. «Poetas de Hoje»), Lisboa, 1967

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

WOW! Tanta força em tão poucas palavras - é quase parte de script para uma cena catártica. AR foi único, irrepetível e injustiçado. As malhas que o novo império teceu foram feitas de fio podre, tão podre que delas se fez Poder, e ao Poder, AR era persona non grata.

4:08 da tarde  

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