095. MUDAMOS ESTA NOITE
Mudamos esta noite
E como tu
eu penso no fogão a lenha
e nos colchões
onde levar as plantas
e como disfarçar os móveis velhos
Mudamos esta noite
e não sabíamos que os mortos ainda aqui viviam
e que os filhos dormem sempre
nos quartos onde nascem
Vai descendo tu
Eu só quero ouvir os meus passos
nas salas vazias
António Reis - Poemas Quotidianos, Portugália (col. «Poetas de Hoje»), Lisboa, 1967
1 Comments:
WOW! Tanta força em tão poucas palavras - é quase parte de script para uma cena catártica. AR foi único, irrepetível e injustiçado. As malhas que o novo império teceu foram feitas de fio podre, tão podre que delas se fez Poder, e ao Poder, AR era persona non grata.
Enviar um comentário
<< Home