terça-feira, abril 25, 2006

143. "TRÁS-OS-MONTES" - Carta de Jean Rouch (Actualizado)

Ce film est pour moi la révélation d'un nouveau langage cinématographique. Jamais à ma connaissance un réalisateur avait entrepis avec une telle obstination l'expression cinématographique d'une région: je veux dire cette communion difficile entre les hommes, les paysages, les saisons. Seul un poète déraisonnable pouvait mettre en circulation un objet aussi inquiétant. Malgré la barrière d'un langage aussi âpre que le granit des montagnes, apparaîssent, tout d'un coup, au détour d'un chemin neuf; les fantômes d'un mythe sans doute essentiel puisque nous le reconnaissons avant même de le connaître. J'attends avec une curiosité passionée une version sous-titrée en français pour pouvoir m'aventurer dans ce labyrinthe fabuleux.

Tradução:

Para mim, este filme é a revelação de uma nova linguagem cinematográfica. Nunca, tanto quanto sei, um realizador se havia empenhado, com tal obstinação, na expressão cinematográfica de uma região: quero dizer, a difícil comunhão entre homens, paisagens e estações. Só um poeta insensato poderia exibir um objecto tão inquietante. Apesar da barreira de uma linguagem áspera como o granito das montanhas, aparecem, de repente, na curva de um caminho novo, os fantasmas de um mito sem dúvida essencial já que o reconhecemos antes mesmo de o conhecer. Fico à espera, com uma curiosidade apaixonada, de uma versão legendada em francês para me poder aventurar neste fabuloso labirinto.

Jean Rouch - extracto da carta dirigida ao director do Centro Português de Cinema, 1976 [antes de 25 de Junho, ver post 136]. Alguém sabe a data correcta?. A tradução foi retirada de O Olhar de Ulisses, n.º 2: O Som e a Fúria, pág. 85, Porto 2001: Capital Europeia da Cultura, Porto, 2001 .

NOTA: Se alguém tiver cópia da carta completa e quiser fazer o favor de nos a enviar, muito lhe ficaríamos gratos.

2 Comments:

Blogger c said...

António, não tenho essa carta de Jean Rouch mas descobri um Cahiers du cinema (#276, de maio de 1977) que dedica 8 páginas a António Reis (uma entrevista feita por Serge Daney e Jean-Pierre Oudart e ainda um texto de Daney sobre Trás-os-Montes). Se não tiveres, posso digitalizar e enviar.

cristina

3:37 da tarde  
Blogger António said...

Muito obrigado, Cristina. Tenho cópia desse número dos Cahiers du Cinema. Vou colocar, em breve, o texto no blogue. Agradeço a tua disponibilidade.

10:03 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home