domingo, agosto 29, 2004

002.UMA BIOGRAFIA

António Reis (1927-1991)
Cineasta, poeta, pintor e escultor, foi um dos vultos mais originais e criativos do cinema português. Membro activo do Cineclube do Porto, iniciou-se na actividade cinematográfica como assistente, nomeadamente no filme Acto da Primavera, de Manoel de Oliveira. Um ano depois, em 1963, realizou o seu primeiro documentário, encomendado pela Câmara Municipal do Porto, Painéis do Porto. A Hidro-Eléctrica do Cávado é o tema de Do Rio ao Céu (1964), feito em parceria com César Guerra Leal. É ainda de âmbito meramente documental o trabalho Alto Rabagão, de 1966, ano em que assina o argumento de Mudar de Vida.
Será a média-metragem Jaime (1974) que mais virá a chamar a atenção para a sua actividade de realizador com uma linguagem cinematográfica própria, inconfundível no cinema português. O filme aborda a vida e a pintura de Jaime Fernandes, um camponês da Beira Baixa que, afectado por uma doença do foro psicológico, é internado no Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, onde virá a morrer, deixando quadros que são o testemunho dum invulgar espírito criativo.
Enquanto, após Abril de 1974, alguns cineastas optaram por obras de cariz claramente revolucionário, centradas nas alterações registadas essencialmente a nível dos centros urbanos, António Reis e a sua mulher, Margarida Cordeiro, enveredaram por um cinema não-narrativo sobre elementos de cultura popular, ainda presentes (mas em vias de extinção), de locais isolados do interior de Trás-os-Montes. Trás-os-Montes (1975) foi a primeira dessas obras, a que se seguiu, dez anos depois Ana. António Reis e Margarida Cordeiro não pretenderam registar em película, "ad eternum", costumes e tradições, mas fundamentalmente denunciar o seu desaparecimento como consequência de situações que levaram ao despovoamento de certas áreas, à fuga para as cidades, à emigração, num êxodo rural forçado a que as transformações sociais pós-25 de Abril não lograram pôr fim.
Por Rosa de Areia (1989), o seu último filme, com carácter mais ficcional, perpassa uma atmosfera poética, que, embora doutra forma, nunca deixou de estar presente em toda a sua obra cinematográfica.

Autoria: Alcides Murtinheira - Centro de Língua Portuguesa / Instituto Camões - Universidade de Hamburgo.

2 Comments:

Blogger Zira said...

lembro-me bem do filme trás os montes
O meu marido fez uma das cenas
e um sbrinho fez de Bebe
adorava ver de novo

8:39 da tarde  
Blogger Zira said...

sobrinho digo

8:39 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home