222. "TRÁS-OS-MONTES" em "A Capital"
Desde há quatro semanas
"Trás-os-Montes" esgota lotação num cinema de Paris
Na sua edição de 25 de Março, aquele jornal inseriu uma crítica ao filme de António Reis e Margarida Cordeiro, assinada por Jacques Siclier, na qual se afirma que "as imagens deste filme são de uma beleza que confunde mas sem que, entretanto, a forma estética elimine em algum momento o significado histórico e social da película", que considera "um documento poético de combate".
Críticas altamente elogiosas
O jornal "L'Humanité", num longo texto da autoria de Albert Cervoni, considera, por sua vez, que "Trás-os-Montes" é "um dos mais belos e melhores filmes produzidos desde que Portugal começou a respirar normalmente desde a queda do regime fascista".
Albert Cervoni, afirma que "Trás-os-Montes" não é um documentário ou um filme de informação sobre determinada região de Portugal. Pelo contrário, sublinha, "é uma obra de pura e completa criação".
"A região em causa não é o assunto, mas sim o quadro arbitrariamente escolhido para uma obra toda ela cheia de imaginação", escreve Cervoni, acrescentando que "Trás-os-Montes" constitui um "poema sobre um mundo, sobre recordações cheias de sensibilidade, um poema de ontem e de hoje".
Por seu turno, o vespertino parisiense "France Soir", em crítica assinada por Robert Chazal, comenta que o filme de António Reis e Margarida Cordeiro é "um poema envolvente sobre um mundo que morre e onde se sente que o prelúdio da agonia tem outras faces que gostaríamos de salvar". De referir ainda que para Joris Ivens, do "Liberation", "Trás-os-Montes" é um filme "a descobrir imediatamente e não mais tarde, como uma grande obra de arte".
Jornal A Capital, pág. 27, Sábado, 15 de Abril de 1978.
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