quinta-feira, setembro 16, 2004

025. PEÇO-TE DESCULPA

Peço-te desculpa
muitas vezes

em silêncio
deitando-me
dormindo

com palavras
que
preparam
culpas novas

Quase sempre lavas

com o rosto branco
das lâmpadas
e das mágoas

É verdade que
suspiras

nunca me
disseste
que eras água


António Reis - Novos Poemas Quotidianos, pág. 54, Porto, [1959].